terça-feira, 22 de junho de 2010

Zezo Ribeiro - Traduzindo idiomas musicais


Zezo Ribeiro; Sua música vem da Eletrostática, da Transcendência, da capacidade de gerar e elencar sons que emocionam, não só pelo conteúdo, mas como postura artística perante a grandiosidade da Música como arte em relação ao Ser.


Segue entrevista com o músico:


-- Com quais projetos está envolvido atualmente?


GRAVACAO NO NOVO CD "SÓ SENDO MESMO" COM UMA SÓ MÚSICA DE 53 MINUTOS, ONDE UTILIZO VIOLAO ACÚSTICO, VIOLAO MIDI (VG-88) COM TIMBRES DE GUITARRA DE ROCK, JAZZ, TEXTURAS, VIOLAO CAIPIRA E OCTAVINO.


-- Quais os principais parceiros e influências musicais que teve ao longo de sua vida?


MEU GRANDE PARCEIRO E INFLUÊNCIA É O GAÚCHO OLMIR STOCKER, O ALEMÃO. DEVO A ELE MEUS PRIMEIROS E BEM ESTRUTURADOS PASSOS COMO MÚSICO PROFISSIONAL.
OUTRAS REFERÊNCIAS SAO: EMERSON, LAKE & PALMER, RICK WAKEMAN, 14 BIS, MILTON NASCIMENTO, PAT METHENY, JEFF BECK, STEVE LUKATHER, FUNDO DE QUINTAL, VICENTE AMIGO, PACO DE LUCIA, JOÃO BOSCO, SECOS E MOLHADOS, FLAVIO VENTURINI, ENNIO MORRICONE, JOHN WILLIANS (MAESTRO E COMPOSITOR, NÃO O VIOLONISTA), DOMINGUINHOS ETC.

-- O que te fez alinhar o desejo de fazer música com o estilo que você escolheu para tocar, isto é, como fez para conceber qual o estilo musical mais apropriado para você e sua personalidade?


UM PROCESSO DE DISTONIA FOCAL NO DEDO MÉDIO DA MAO DIREITA QUE ME FEZ FICAR SEM PODER TOCAR DURANTE DOIS ANOS. ISTO MUDOU A TRAJETÓRIA QUE HAVIA TRAÇADO, A DE SER UM DOS MAIORES VIRTUOSES BRASILEIROS, RS, QUE PREPOTÊNCIA!
QUANDO RETOMEI, TIVE QUE REINVENTAR MEU JEITO DE TOCAR, DESDE A FORMA DE ESTUDAR ATÉ O TIPO DE CONSTRUÇÃO DE INSTRUMENTO, TIPO DE INSTRUMENTO E NATURALMENTE ME VI ENVOLVIDO PELA NECESSIDADE DE ME APROXIMAR DE OUTRAS TÉCNICAS, COMO AS DO JAZZ, DO ROCK, UTILIZAÇÃO DE PEDAIS, SIMULADORES, TOCAR COM PALHETA, GRAVAR DISCOS COM CANTORES POP, ETC
NO PROCESSO DA VIDA E NA RETOMADA DE CONTATO COM O VIOLÃO, NATURALMENTE PASSEI A RESPEITAR MINHAS FACILIDADES EM DETRIMENTO DAS TÉCNICAS FORMAIS DA NORMA DE ESTUDO DO VIOLAO FLAMENCO.

-- Como você fez para mesclar o som de guitarra no violão? Paco de Lucia é uma referência para esse som que você busca?


NÃO. USO O VG-88 PORQUE ELE ENGORDA O SOM DAS PRIMAS E ME FACILITA PARA TOCAR MUITO LEVE, ACARICIANDO AS CORDAS MESMO.


-- Além da mistura com a música brasileira, você tem algum interesse de gravar algo mais futurista adaptado ao flamenco?


PENSO EM “FLAMENCO-ATITUDE”, E NÃO FLAMENCO-FORMA, ESTILO DE VIDA, TÉCNICA ETC. É MAIS INTERESSANTE UTILIZAR AS ATMOSFERAS, DINÂMICAS, COMPASSOS, E DESCONTEXTUALIZÁ-LOS, QUE FICAR ESTUDANDO, TOCAR UMA ESCALA DENTRO DE UMA BULERIA ACOMPANHADA POR UM PANDEIRO.
PENSO ‘FLAMENCO-TRANSGRESSÃO’, TOCAR DE PÉ VÁRIOS RASGUEOS COM UM PAD DE GUITARRA EM QUINTAS E SAIR COMPONDO, EM VEZ DE CAVUCAR PONTOS DE CONEXÃO ENTRE O FLAMENCO E O CHORO POR EX.

-- O idioma falado pelos músicos é a música, os sons. Que inusitado nome você daria ao seu, ou seus idiomas musicais? Se você fosse um pintor, que tela gostaria de ter pintado ou sonhado? E se fosse um escritor, ou outro locutor da arte, que livro gostaria de ter escrito, que obras gostaria de ter exposto?


PENSO MÚSICA-EXPANSÃO, INOVAÇÃO, COMPROMISSO COM EVOLUÇÃO, ATREVIMENTO, TRANSGRESSÃO, ATITUDE, REDENÇÃO, MODERNIDADE.
ME IDENTIFICO COM O PABLO PICASSO, FICOU DÉCADAS TREINANDO OS TRAÇOS DE UM SIMPLES CAVALO E QUE IMPULSIONOU A CONFIGURAÇÃO DE SEU ESTILO.
SE FOSSE ESCRITOR, O RALPH WALDO EMERSON, FILÓSOFO NORTE-AMERICANO. SEU LIVRO "ENSAIOS" É REFERÊNCIA EM FILOSOFIA MODERNA.
PENSO SOCIAL, PENSO SOBREVIVÊNCIA EM ALTO NÍVEL, PENSO EQUALIZAR ENERGIA FÍSICA PARA QUE SEJA PROPORCIONAL A AMBIÇÃO.
PENSO BUDGETS PARA ADMINISTRAR BIÊNIOS. PENSO MÚSICO QUE FALA EM SHOWS, TALKSHOWS. PENSO APROXIMAÇÃO COM O PÚBLICO.
PENSO ENSAIOS ABERTOS. PENSO AJUDAR AQUELES QUE NECESSITAM DE AJUDA E QUE NÃO ENCONTRAM FORÇAS E NECESSITAM REDENTORES.
PENSO CAPTAR ENERGIA FÍSICA, PSÍQUICA, ANÍMICA E DIRECIONÁ-LA PARA O ESTUDO E PARA O AMOR A MÚSICA.
PENSO ATITUDE. PENSO JAZZ, FLAMENCO, ROCK´N ROLL & MPB.



Vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=LZeBxDsjLRM – Zezo Ribeiro – “O que Brilha lá no Céu”

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Moska - Pra Poucos e pra Muitos




A Arte de compor uma bela canção é para poucos. Podem existir milhares de técnicas, conselhos, dicas, mas para se fazer música não existem estratégias, domínios. Combinar uma boa letra com uma adrenada composição então, é para raros. Na expectativa de que muitos conheçam o próximo cd de Paulinho Moska, é que chega essa bem vinda entrevista que realizei com ele por esses dias. Moska, com uma voz de timbre único e com sua maestria e simplicidade na arte de compor, também é fiel à boa versação das palavras. Segue a entrevista:



Moska, prazer falar contigo…



-- O que o trabalho no Programa Zoombido mais te proporcionou em relação ao “entendimento” prático e “espiritual” do processo de composição?


Em resumo, acho que o mais importante em um compositor é procurar sua assinatura, acreditando no seu próprio olhar fazendo disso sua estética. Muitos falaram de uma "conexão" com "um canal" ou "estado perceptivo alterado" como característica primeira da criação. Eu concordo. Compor é "se deixar levar" e "controlar" ao mesmo tempo. Algo que está entre o racional e o espiritual, um meio de caminho, uma ponte...


-- Com todo o contato que teve com os artistas que passaram pelo programa, isso te trouxe alguma influência na feitura do novo CD “Muito” e “Pouco”?


Não saberia apontar exatamente o que me influenciou....acho que fiquei mais exigente em relação ao repertório. Me apaixonei mais ainda pela canção popular, com suas rimas e refrões. "Muito Pouco" é um disco de canções, sem experimentalismos.


-- O que significou e significa pra você o trampo com o “Inimigos do Rei”? O nome “Kafka” e a referência à barata, na música “Uma Barata Chamada Kafka”, teve alguma influência da literatura?


Formei o "Inimigos" com amigos da escola de teatro que cursei aos 18 anos ( CAL/RJ). "Kafka" foi material de estudo na escola e eu encenei alguns textos dele como "O Tatu" e "Carta ao Pai". Era um tempo de muita diversão e juventude... pude conhecer o Brasil inteiro e descobri nossa multiplicidade cultural durante as turnês com o Inimigos. A partir daí desenhei o que eu gostaria de fazer da minha vida: ser um artista brasileiro, ou seja, multifacetado.


-- Na sua “autobiografia” presente em seu site, você diz que ainda busca a comunicação de massa, mas não como objetivo, e sim como motivo. Como é a relação de entrega e transcendência com o público? O fim de um show te traz algum tipo de “pós-solidão”, ou te traz algum outro tipo de arrebatamento?


O fim de um show me dá um cansaço danado!!! Gosto de tocar e de "dar o sangue" nas apresentações...é uma espécie de "catarse"... com suor, respiração, poesia, emoção, sensação de trabalho feito, delícia de fazer música...

-- Qual sua relação com o Violão? Você se permite apurar a técnica, ou seu objetivo é somente inovar artisticamente?


Com o violão também tento buscar uma assinatura, tocar de um jeito meu... não sei se é bom, mas é meu. Não quero ser melhor do que ninguém, quero ter meu estilo. Meus maiores ídolos no violão são assim...não são virtuoses, mas especialistas em si mesmos.


-- Por fim, o novo cd está mais para um “Auto-retrato”, ou retrata mais seu Olhar sobre o Mundo?

Acho que quando faço um autoretrato estou sempre olhando para o mundo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mário Feres - Caminhando nas trilhas da música


Eis aqui uma entrevista que fiz com Mário Feres. Mário Feres, é nascido em Marília (SP) em 1967; teve sua primeira atuação profissional em 1979, toca piano e violão; compositor, arranjador e produtor musical de formação auto didata.
Além da boa parceria com a cantora Vânia Lucas, conta também com o diferencial de um grande trabalho de arranjador e compositor de trilhas musicais.


Sigam as trilhas da entrevista:


-- Fale-me um pouco sobre seu começo de carreira e evolução na música.

Comecei cedo na música, tocava bateria com 5 anos de idade, fui tocar no programa Almoço com as estrelas do Airton Rodrigues na TV Tupi em 1972;
Mas na verdade isso era mesmo uma diversão de criança, puro prazer, nem eu nem minha família pensávamos em "carreira"; meu pai tinha conjunto de baile com os meus irmãos mais velhos e isso era um tremendo estímulo, eu via os ensaios e imitava-os como qualquer criança;

Com 12 anos sim toquei meu primeiro carnaval ganhando um dinheirinho com meu pai e daí, segui compondo canções pra Festivais de música da escola e da cidade (Marília- SP); nessa época eu já tinha uma banda com amigos e um primo, aí fui tocar trompete que era o único instrumento com o qual eu poderia entrar na banda do meu pai, (os outros que eu gostava já estavam ocupados) no carnaval eu tinha cantado e tocado surdo, instrumento de percussão.

Aos 17 tocava na noite de Marília violão e teclado, às vezes bateria mas fiz vestibular pra odontologia por orientação de meu pai e admiração pelo meu irmão mais velho que já era dentista.
Me formei em 1988 com 21 anos e nunca parei de tocar e amar profundamente a música, fui pra Londrina me aperfeiçoar em Odontologia e lá encontrei uma escola de música na qual dei aulas e estudei com um músico que viria a ser meu sócio de uma escola de música em Marília; essa época já escrevia arranjos empiricamente e muito devagar, pois a notação musical ainda era um obstáculo.
Em 1993 fui pra Ribeirão Preto onde foi exigido muito mais de mim como músico e acabei abandonando a odonto e me dedicando integralmente à música. Foi a época em que mais me desenvolvi como músico, compositor, arranjador e produtor musical; fiquei lá por 17 anos até o ano passado e agora divido Ribeirão Preto com o Rio de Janeiro onde o mercado de trabalho é mais exigente e maior, com mais visibilidade e mais oportunidades, mais concorrência também porém com isso troco com mais músicos e de diferentes formações, conheço melhor esse meu Brasil musical, terra de grandes misturas e temperos musicais infindáveis!
Escrevo trilhas para TV, Teatro, dança e Cinema, componho música popular instrumental e canção, canto, toco piano, violão, um pouco de contrabaixo e percussão, faço arranjos e dirijo gravações de música, amo o que faço e vejo a música brasileira como um grande e valoroso tesouro que temos e que começa a ser cada vez mais bem visto e explorado.


-- Dos instrumentos que você toca, como são suas afeições, significados com cada um deles?

Gosto tanto de música, que gostaria de ter tempo pra me dedicar a vários instrumentos. Toco regularmente piano e violão. Como gravo muito os meus trabalhos, muitas vezes toco também outros instrumentos como escaleta, contrabaixo, viola caipira e percussão; e também canto.
Mas no geral prefiro ter um bom percussionista ao meu lado e os instrumentos necessários pra fazer aquele determinado som! Uso muito as cordas (geralmente quarteto) e os sopros diversos. É sempre melhor tocar com mais músicos!
Tenho paixões individuais por cada instrumento que toco, e no momento que estou tocando sempre imagino que poderia ter mais tempo de dedicação àquele instrumento. Tenho uma queda especial pelo contrabaixo, talvez uma culpa mal resolvida por não ter me dedicado mais a ele!
O violão é um velho companheiro. Me sinto livre para pensar melodicamente quando acompanho nesse instrumento.
O piano é mais senhor de tudo, para escrever arranjos tem de ser no piano. Componho também no piano e sou mais requisitado para tocá-lo. Acho que tem menos pianistas e acabei desenvolvendo especial relação com esse instrumento por amar demais a obra do Tom Jobim.



-- Quais as diferenças principais em compor para uma trilha sonora e para uma música instrumental, por exemplo?

Primeiramente, uma música instrumental pode ser uma trilha. Fazer uma trilha depende de muitos fatores a que se destina essa trilha: cinema, dança, teatro, filme publicitário; De acordo com o "esse tipo" de possibilidade você trabalha com diferentes expectativas e possibilidades de resultado.
Vamos supor que a trilha seja para cinema. Normalmente cinema traz consigo já uma carga de trabalho muito grande, orçamentos grandes e se trabalha normalmente com Orquestra pela grandiosidade e o grau de exigência desse tipo de trabalho.
Escrever para orquestra é trabalho gigantesco e pesado, demorado. Por outro lado é sempre maravilhoso trabalhar assim, a gente se emociona muito quando tem um trabalho desses pela frente, principalmente se o orçamento é bom e você pode contar com uma boa orquestra e bom estúdio de gravação.
Falando um pouco sobre estilo, imagine que a trilha é para dança e o tema do espetáculo e das coreografias seja bem futurista. Certamente teria que contar com sons eletrônicos, teclados, sintetizadores que podem ou não misturar-se a sons acústicos ou da orquestra, dependendo da proposta e do compositor, entende? O ambiente ou "clima" desejado é que definem o tipo de instrumentação e recursos que eu vou precisar para tal.

http://www.myspace.com/marioferes
http://www.youtube.com/watch?v=LuSYjyvyD9k- Show com Mário Féres (piano), Silvio Zalambani (sax), Tiziano Negrello (baixo) e Duda Lazarini (bateria) na Semana de Música da Unaerp- outubro de 2009- Ribeirão Preto