terça-feira, 7 de setembro de 2010

Sugestão de Leitura sobre Jazz


Olá pessoal. Venho aqui indicar para vocês um excelente livro já a venda sobre o Jazz, chamado "Confesso que Ouvi". Vale a pena conferir:

http://ericocordeiro.blogspot.com/2010/09/confesso-que-ouvi-agora-para-o-brasil.html




O autor, Érico Renato é dono do já aclamado Blog Jazz + Bossa.

sábado, 4 de setembro de 2010

Entrevista com Cleber Almeida para a Revista Modern Drummer 09/20210




Cleber Almeida é músico do grupo Trio Curupira, e vem se destacando no cenário nacional como um dos mais completos e dinâmicos bateristas de samba e música brasileira.

Deixo aqui um pequeno trecho da entrevista que fiz com ele para a edição de setembro da Revista Modern Drummer Brasil:

-- Como foi o início de sua vida na música? O que veio antes, a percussão, ou a bateria?

Sempre fui atraído pelo som da bateria. Quando eu tinha uns 5 anos, meus pais frequentavam uma igreja, e foram ali meus primeiros contatos através de amigos da família que tocavam lá, o Zega, Ike, Fran, Osvaldo, o meu primo Bi e meu pai que sempre foi muito musical e que na época também arriscava umas baquetadas... Devo tudo a esses caras. A bateria veio primeiro, aos 11 anos, e nessa época eu tocava com meus primos e cada um tocava seu instrumento mas dava aquela passeada pelos outros... Foi aí que chegou o violão, que me salva harmonicamente até hoje. Comecei meus estudos no Conservatório de Tatuí em 1991 pela Bateria (até 95) e Percussão Erudita até o quarto ano. Em 94 comecei a ter contato com os discos do Hermeto, Egberto, Arismar, Dominguinhos, Sivuca... Foi quando conheci o Nenê e percebi que além da modernidade criativa, ele tinha uma “raiz” muito forte. Conversando com ele, vi que muitos pensamentos estavam diretamente ligados à função da percussão tradicional e completamente conectados à Harmonia. Ali a percussão chegou e não saiu mais. Para mim foi um divisor de águas.

-- Conte-nos um pouco sobre seus atuais projetos musicais, profissionais e pessoais…

Tenho tocado com o Trio Curupira, Antônio Nóbrega, Banda Mantiqueira, Trio Macaíba (Forró “pé de serra”), Sexteto do Proveta, Mané Silveira Quinteto, e tentando dar fôlego a um sexteto com músicas e arranjos meus. Também leciono no Conservatório Dramático Musical Dr. Carlos de Campos em Tatuí, e terminando minha primeira produção na íntegra, desde arranjos, direção, mixagem e masterização, para o CD do compositor e amigo Carlos Madia, e criando minha filha da melhor maneira possível... Tenho aprendido muito com esses trabalhos... E com minha filha também...


-- Em que momento o Trio Curupira entrou na sua vida?

Começamos a ensaiar em 96, eu, o André Marques e o Ricardo Zohio. Temos uma história engraçada... Os dois já vinham ensaiando e procurando um baterista. Um dia o Zohio foi tocar em Campinas e acabou numa festa na casa do Luizão Trombone, que colocou um vídeo de um “Combo” (comigo na bateria) gravado em 95 no Festival de Campos de Jordão. O Zohio gostou do baterista e ninguém tinha o contato... Só sabiam que ele morava no interior. Em junho de 96, por indicação do Vinicius Dorin (saxofonista maravilhoso), fui a um ensaio de dois caboclos em São Paulo (eu não conhecia os caras). Bato na porta... O Zohio atende... Abre os braços e diz: “É você, cara!!!” Não entendi nada... Depois ele me contou esse episódio... rs
Em 2003 o Zohio saiu do grupo e quem assumiu a baixaria foi o Fábio Gouvêa, que está até hoje.



-- Em que gênero o Curupira se enquadra mais, em sua opinião?

Por influência do Mestre Hermeto Pascoal, chamamos de Música Universal. Pela mistura e concepção, a veia mais latente é a nossa música brasileira. E prefiro que as pessoas escutem e digam: “Isso é legal, difícil dar nome”.


Matéria completa na Revista Modern Drummer Brasil 94 /Setembro de 2010.
Para adquirir seu exemplar clique : http://www.editoramelody.com.br/moderndrummer/pedidos_edicao_mes.htm







http://www.youtube.com/watch?v=Fq2lPWYqpmU&feature=related - Instrumental SESC Brasil - Trio Curupira - Tito (André Marques)




http://www.youtube.com/watch?v=frJ8oARMYsE - Instrumental SESC Brasil - Trio Curupira - Samba de uma nota só (Tom Jobim/Newton Mendonça)






- Instrumental SESC Brasil - Trio Curupira - Fio de Luz/No Depois (Fábio Gouvêa)


www.myspace.com/triocurupira

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Verônica Ferriani – Além das palavras - Levando a música na pele


Que o mundo dá voltas, todo mundo sabe. Fisicamente, e em acontecimentos, verdades, nuances, que mudam a cada instante. Ininterruptamente.
E quando o mundo gira dentro da gente, é porque algo está mudando lá fora também.
A música, exemplo raro de contato com a nossa pele, com o nosso tato, é a transmigração de algo impalpável pra dentro de nós.
Sinta o contato da música e da palpável entrevista com a cantora Verônica Ferriani, exemplo de caminho possível para a música que gira sem perder suas verdadeiras influências. No seu último álbum “Sobre Palavras”, ela destila uma singeleza de canções, parceria que desenvolveu com o compositor Chico Saraiva, e com as palavras do disco assinadas pelo letrista Mauro Aguiar.

-- Compor melodias através de letras foi o principal mote do cd. Como você encarou o processo de interpretação das músicas? A partir de um ponto de vista subjetivo seu sobre as letras de Mauro, ou a partir de alguma pré-definição dele?

O fato de o CD se chamar "Sobre Palavras" realmente dá importância ainda maior as palavras, e uma grande responsabilidade para quem interpreta. Mas na verdade, o cuidado com o texto sempre foi uma intenção minha ao cantar. Acho que quando me escolheram, Chico Saraiva e Mauro Aguiar - que já me conheciam bem - , buscavam justamente alguém que tivesse uma preocupação e um ponto de vista próprio sobre as letras. Parti de algo subjetivo e fui achando minha maneira de ver e sentir aqueles temas. É instintivo.

- Como foi o processo de composição e de arranjo, tanto para os instrumentos como para sua voz?

Chico e Mauro já tinham composto algumas coisas juntos em trabalhos anteriores, mas no primeiro semestre de 2008 Mauro enviou ao Chico um calhamaço de letras, sobre os quais Chico começou a fazer músicas. Em setembro, num show em que cantei com Chico e Francis Hime, Chico me contou o que andava compondo e que gostaria de mostrá-las para quem sabe pensarmos num projeto juntos. Eu estava com meu primeiro disco solo pronto para ser lançado e poderia ser confuso naquele momento; mas quando ouvi, não resisti. Gravamos 3 músicas em novembro e enviamos para o Projeto Pixinguinha (Funarte - MinC). Para nossa alegria, fomos selecionados. A partir daí Chico compôs ainda outras músicas e juntos fomos fazendo um ou outro ajuste, em ensaios voz e violão, sempre debatendo com o Mauro. Das 18 ou 19 compostas, escolhemos 13. Nestes ensaios fomos pensando em pré-arranjos, quais músicos chamar e numa concepção do disco de forma que fosse nosso, não meu ou dele. Isso em janeiro e fevereiro de 2009. Em abril entramos em estúdio com os músicos e começamos a gravar. O disco saiu em setembro de 2009.

-- O que mais te agrada no mundo da música e do samba particularmente? Um samba, uma música brasileira mais intimista como no álbum “Sobre Palavras”, ou a “criatura” sem freio do samba que se impõe na roda e no fervor do ritmo?

Minha maior característica é não me ater a aspectos formais ou gêneros específicos. Gosto do lirismo e do suingue. Do íntimo, do sutil e da catarse. Do sofisticado e do popular. Não gosto de me prender. Gosto de dizer o que sinto que saberei dizer. E vou no que a música me propõe.

-- Você toca algum instrumento? Compõe?

Toco um pouco de violão desde pequena e percussão desde que me apaixonei pelo samba. Composição é algo bem recente, mas está começando a acontecer, sim. Meu próximo disco solo deve ter algumas minhas.

-- Você tem expectativas de flertar por outros estilos musicais? Quais serão seus próximos e imediatos projetos?
Sou aberta ao que me comove e, nesse sentido, tudo pode acontecer. O que ando fazendo são os shows de meus discos: o CD solo, com o qual estou indo para Salvador e interior de SP em setembro, o Sobre Palavras e o disco que gravei com a Gafieira São Paulo em 2008, que está sendo lançado com uma temporada no Tom Jazz, em SP. Também tenho feito shows de projetos comemorativos do centenário de Adoniran Barbosa e Noel Rosa este ano, entre outras coisas. Para o futuro, começo a pensar num próximo disco solo, mas para ficar pronto somente no final de 2011.

-- Se sua música tivesse um cheiro, qual você acha que seria? Você acredita na capacidade sinestésica da música?

Acredito, claro. Música é subjetiva, é magia ampla. Talvez a minha teria um pouco o cheiro de mato do interior, ainda que não seja um som regional. Gosto de cantar olhando no olho e com sorriso no rosto (ou a expressão que for devida), de ser a mesma em cima do palco e na vida cotidiana. Uma coisa com a qual não me identifico com parte da nova geração é que não sou blasé. E creio que isso seja um traço que trago por ser uma garota do interior.


http://www.youtube.com/watch?v=djpujqnI_lA&feature=search – Na Pele- Verônica e Chico Saraiva


sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Grupo Pau Brasil e Villa Lobos- Longevidade


A música longeva e duradoura é a música que não pode ser datada. E pra comemorar essa data sem tempo e sem justificativas, deixo a ótima música do grupo instrumental “Pau Brasil”, tracionado por Rodolfo Stroeter no baixo, Paulo Bellinati no violão, Nelson Ayres no piano, Ricardo Mosca na bateria e Taco Cardoso nos saxofones e flauta. Grupo único, de instrumentação e lógicas únicas. Agora explorando o universo de Villa Lobos, o grupo está em uma mini-turnê pelo Brasil tocando e interpretando obras consagradas do compositor eterno brasileiro. É algo raro de se ver. Eu pude exercer essa maleabilidade da alma e poder assisti-los. Se vocês puderem, sugiro que o façam. Acompanham eles nessa escalada um quarteto de cordas que temperam ainda mais o som.


A seguir uma palhinha de um som deles tocando Villa Lobos, mas este é sem o quarteto de cordas..


http://www.youtube.com/watch?v=57Qxi4Hh7Qg&feature=search - Instrumental SESC Brasil - Pau Brasil - Aria da Bachiana nº 4 (Heitor Villa-Lobos) - 24/06/2008

domingo, 11 de julho de 2010

Roberto Victorio - Chronos e a 5º Dimensão

O que aconteceria se o mundo conseguisse perder as amarras do tempo, e pudesse verdadeiramente apreciar e apreender a Cultura?

Certamente, o trabalho do compositor de música contemporânea Roberto Victorio não passaria em branco, e seria conduzido a melhores apoteoses.

Roberto Victorio é um compositor de 30 anos de carreira, e tem como atual carro-chefe a obra Chronos, um ciclo de dez peças para formações instrumentais variadas, relacionadas por uma temática comum: a multiplicidade do tempo.

Segundo Roberto: "a obra do filósofo russo Pëtr Ouspensky, Tertium Organum (1912), é uma chave importante para o entendimento do tempo e destas combinações na obra. Ouspensky propôe a homogenia entre as dimensões do espaço e do tempo, sendo a natureza fugidida deste último determinada apenas pela limitação dos sentidos. A partir daí, conclui que nossa experiência comporta exatamente seis dimensões, e que nos encontramos em um nível de consciência que nos permite senti-las como três dimensões de espaço e três de tempo.
As peças de Chronos são trabalhadas com ênfase na quinta dimensão.
"


As dimensões de tempo são a 4º, (liga pontos passados a futuros) a 5º (é o espessamento desta linha, acumulando distintos agoras) e a 6º (altura do plano- possíveis caminhos para o agora).

Esta obra conceitual distingue-se de outras, justamente por trabalhar com todas essas questões filosóficas, musicalmente. Há de se apreciar todo este componente mágico de uma audição sinestésica
.
"
As obras foram concebidas num período de quatro anos. Sua busca pela complexidade e múltiplas possibilidades o fez pesquisar, por exemplo, na etnia indígena Bororo, interior de Mato Grosso, sonoridade extraída das flautas sagradas. Para tanto, foram dois anos convivendo com os índios para conseguir conquistar a confiança deles a ponto de permitirem o contato com o objeto sagrado."

E o que ouvimos é uma música inquietante, na contra-estética da música atual.


Para ver, ler e ouvir:

http://www.robertovictorio.com.br/artigos.htm

http://www.youtube.com/watch?v=kJcxCCgutxU&feature=related - Lançto de Chronos - Chronos I

http://www.youtube.com/watch?v=BcTKKqDjS7E&NR=1 - Roberto Victorio - Na Yucat

http://www.youtube.com/watch?v=3Yo5lIULFUI - Trio 3-63 - Chronos II (Roberto Victório) - Instrumental SESC Brasil - 02/02/2010 - Com Marcos Suzano (percussão) e Andrea Ernest (flauta) interpretando uma música de Chronos.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Olmir Stocker – “Longe Dos Olhos, Perto Do Coração”


O “Alemão” brasileiríssimo Olmir Stocker, sumidade na história da música brasileira e no reino da guitarra, demonstra toda uma gama de vocabulário próprio e distinguido dos músicos comuns.

Toda clareza e precisão dinâmica perfilada na música de Olmir é delineada nos vídeos a seguir...



http://www.youtube.com/watch?v=0rKHgx1FSP0&feature=related - Olmir Stocker (Alemão) e Quarteto

http://www.youtube.com/watch?v=RIY6oFN0Yr0&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=xvMsszrfNK0&feature=related – “Triste”- c/ Olmir, Douglas Las Casas e Fernando Rosa

http://www.youtube.com/watch?v=osHA_SBe6xs&feature=related - Olmir Stocker (Alemão) - Choro Feliz

http://www.myspace.com/olmirstocker

terça-feira, 22 de junho de 2010

Zezo Ribeiro - Traduzindo idiomas musicais


Zezo Ribeiro; Sua música vem da Eletrostática, da Transcendência, da capacidade de gerar e elencar sons que emocionam, não só pelo conteúdo, mas como postura artística perante a grandiosidade da Música como arte em relação ao Ser.


Segue entrevista com o músico:


-- Com quais projetos está envolvido atualmente?


GRAVACAO NO NOVO CD "SÓ SENDO MESMO" COM UMA SÓ MÚSICA DE 53 MINUTOS, ONDE UTILIZO VIOLAO ACÚSTICO, VIOLAO MIDI (VG-88) COM TIMBRES DE GUITARRA DE ROCK, JAZZ, TEXTURAS, VIOLAO CAIPIRA E OCTAVINO.


-- Quais os principais parceiros e influências musicais que teve ao longo de sua vida?


MEU GRANDE PARCEIRO E INFLUÊNCIA É O GAÚCHO OLMIR STOCKER, O ALEMÃO. DEVO A ELE MEUS PRIMEIROS E BEM ESTRUTURADOS PASSOS COMO MÚSICO PROFISSIONAL.
OUTRAS REFERÊNCIAS SAO: EMERSON, LAKE & PALMER, RICK WAKEMAN, 14 BIS, MILTON NASCIMENTO, PAT METHENY, JEFF BECK, STEVE LUKATHER, FUNDO DE QUINTAL, VICENTE AMIGO, PACO DE LUCIA, JOÃO BOSCO, SECOS E MOLHADOS, FLAVIO VENTURINI, ENNIO MORRICONE, JOHN WILLIANS (MAESTRO E COMPOSITOR, NÃO O VIOLONISTA), DOMINGUINHOS ETC.

-- O que te fez alinhar o desejo de fazer música com o estilo que você escolheu para tocar, isto é, como fez para conceber qual o estilo musical mais apropriado para você e sua personalidade?


UM PROCESSO DE DISTONIA FOCAL NO DEDO MÉDIO DA MAO DIREITA QUE ME FEZ FICAR SEM PODER TOCAR DURANTE DOIS ANOS. ISTO MUDOU A TRAJETÓRIA QUE HAVIA TRAÇADO, A DE SER UM DOS MAIORES VIRTUOSES BRASILEIROS, RS, QUE PREPOTÊNCIA!
QUANDO RETOMEI, TIVE QUE REINVENTAR MEU JEITO DE TOCAR, DESDE A FORMA DE ESTUDAR ATÉ O TIPO DE CONSTRUÇÃO DE INSTRUMENTO, TIPO DE INSTRUMENTO E NATURALMENTE ME VI ENVOLVIDO PELA NECESSIDADE DE ME APROXIMAR DE OUTRAS TÉCNICAS, COMO AS DO JAZZ, DO ROCK, UTILIZAÇÃO DE PEDAIS, SIMULADORES, TOCAR COM PALHETA, GRAVAR DISCOS COM CANTORES POP, ETC
NO PROCESSO DA VIDA E NA RETOMADA DE CONTATO COM O VIOLÃO, NATURALMENTE PASSEI A RESPEITAR MINHAS FACILIDADES EM DETRIMENTO DAS TÉCNICAS FORMAIS DA NORMA DE ESTUDO DO VIOLAO FLAMENCO.

-- Como você fez para mesclar o som de guitarra no violão? Paco de Lucia é uma referência para esse som que você busca?


NÃO. USO O VG-88 PORQUE ELE ENGORDA O SOM DAS PRIMAS E ME FACILITA PARA TOCAR MUITO LEVE, ACARICIANDO AS CORDAS MESMO.


-- Além da mistura com a música brasileira, você tem algum interesse de gravar algo mais futurista adaptado ao flamenco?


PENSO EM “FLAMENCO-ATITUDE”, E NÃO FLAMENCO-FORMA, ESTILO DE VIDA, TÉCNICA ETC. É MAIS INTERESSANTE UTILIZAR AS ATMOSFERAS, DINÂMICAS, COMPASSOS, E DESCONTEXTUALIZÁ-LOS, QUE FICAR ESTUDANDO, TOCAR UMA ESCALA DENTRO DE UMA BULERIA ACOMPANHADA POR UM PANDEIRO.
PENSO ‘FLAMENCO-TRANSGRESSÃO’, TOCAR DE PÉ VÁRIOS RASGUEOS COM UM PAD DE GUITARRA EM QUINTAS E SAIR COMPONDO, EM VEZ DE CAVUCAR PONTOS DE CONEXÃO ENTRE O FLAMENCO E O CHORO POR EX.

-- O idioma falado pelos músicos é a música, os sons. Que inusitado nome você daria ao seu, ou seus idiomas musicais? Se você fosse um pintor, que tela gostaria de ter pintado ou sonhado? E se fosse um escritor, ou outro locutor da arte, que livro gostaria de ter escrito, que obras gostaria de ter exposto?


PENSO MÚSICA-EXPANSÃO, INOVAÇÃO, COMPROMISSO COM EVOLUÇÃO, ATREVIMENTO, TRANSGRESSÃO, ATITUDE, REDENÇÃO, MODERNIDADE.
ME IDENTIFICO COM O PABLO PICASSO, FICOU DÉCADAS TREINANDO OS TRAÇOS DE UM SIMPLES CAVALO E QUE IMPULSIONOU A CONFIGURAÇÃO DE SEU ESTILO.
SE FOSSE ESCRITOR, O RALPH WALDO EMERSON, FILÓSOFO NORTE-AMERICANO. SEU LIVRO "ENSAIOS" É REFERÊNCIA EM FILOSOFIA MODERNA.
PENSO SOCIAL, PENSO SOBREVIVÊNCIA EM ALTO NÍVEL, PENSO EQUALIZAR ENERGIA FÍSICA PARA QUE SEJA PROPORCIONAL A AMBIÇÃO.
PENSO BUDGETS PARA ADMINISTRAR BIÊNIOS. PENSO MÚSICO QUE FALA EM SHOWS, TALKSHOWS. PENSO APROXIMAÇÃO COM O PÚBLICO.
PENSO ENSAIOS ABERTOS. PENSO AJUDAR AQUELES QUE NECESSITAM DE AJUDA E QUE NÃO ENCONTRAM FORÇAS E NECESSITAM REDENTORES.
PENSO CAPTAR ENERGIA FÍSICA, PSÍQUICA, ANÍMICA E DIRECIONÁ-LA PARA O ESTUDO E PARA O AMOR A MÚSICA.
PENSO ATITUDE. PENSO JAZZ, FLAMENCO, ROCK´N ROLL & MPB.



Vídeos:
http://www.youtube.com/watch?v=LZeBxDsjLRM – Zezo Ribeiro – “O que Brilha lá no Céu”

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Moska - Pra Poucos e pra Muitos




A Arte de compor uma bela canção é para poucos. Podem existir milhares de técnicas, conselhos, dicas, mas para se fazer música não existem estratégias, domínios. Combinar uma boa letra com uma adrenada composição então, é para raros. Na expectativa de que muitos conheçam o próximo cd de Paulinho Moska, é que chega essa bem vinda entrevista que realizei com ele por esses dias. Moska, com uma voz de timbre único e com sua maestria e simplicidade na arte de compor, também é fiel à boa versação das palavras. Segue a entrevista:



Moska, prazer falar contigo…



-- O que o trabalho no Programa Zoombido mais te proporcionou em relação ao “entendimento” prático e “espiritual” do processo de composição?


Em resumo, acho que o mais importante em um compositor é procurar sua assinatura, acreditando no seu próprio olhar fazendo disso sua estética. Muitos falaram de uma "conexão" com "um canal" ou "estado perceptivo alterado" como característica primeira da criação. Eu concordo. Compor é "se deixar levar" e "controlar" ao mesmo tempo. Algo que está entre o racional e o espiritual, um meio de caminho, uma ponte...


-- Com todo o contato que teve com os artistas que passaram pelo programa, isso te trouxe alguma influência na feitura do novo CD “Muito” e “Pouco”?


Não saberia apontar exatamente o que me influenciou....acho que fiquei mais exigente em relação ao repertório. Me apaixonei mais ainda pela canção popular, com suas rimas e refrões. "Muito Pouco" é um disco de canções, sem experimentalismos.


-- O que significou e significa pra você o trampo com o “Inimigos do Rei”? O nome “Kafka” e a referência à barata, na música “Uma Barata Chamada Kafka”, teve alguma influência da literatura?


Formei o "Inimigos" com amigos da escola de teatro que cursei aos 18 anos ( CAL/RJ). "Kafka" foi material de estudo na escola e eu encenei alguns textos dele como "O Tatu" e "Carta ao Pai". Era um tempo de muita diversão e juventude... pude conhecer o Brasil inteiro e descobri nossa multiplicidade cultural durante as turnês com o Inimigos. A partir daí desenhei o que eu gostaria de fazer da minha vida: ser um artista brasileiro, ou seja, multifacetado.


-- Na sua “autobiografia” presente em seu site, você diz que ainda busca a comunicação de massa, mas não como objetivo, e sim como motivo. Como é a relação de entrega e transcendência com o público? O fim de um show te traz algum tipo de “pós-solidão”, ou te traz algum outro tipo de arrebatamento?


O fim de um show me dá um cansaço danado!!! Gosto de tocar e de "dar o sangue" nas apresentações...é uma espécie de "catarse"... com suor, respiração, poesia, emoção, sensação de trabalho feito, delícia de fazer música...

-- Qual sua relação com o Violão? Você se permite apurar a técnica, ou seu objetivo é somente inovar artisticamente?


Com o violão também tento buscar uma assinatura, tocar de um jeito meu... não sei se é bom, mas é meu. Não quero ser melhor do que ninguém, quero ter meu estilo. Meus maiores ídolos no violão são assim...não são virtuoses, mas especialistas em si mesmos.


-- Por fim, o novo cd está mais para um “Auto-retrato”, ou retrata mais seu Olhar sobre o Mundo?

Acho que quando faço um autoretrato estou sempre olhando para o mundo.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mário Feres - Caminhando nas trilhas da música


Eis aqui uma entrevista que fiz com Mário Feres. Mário Feres, é nascido em Marília (SP) em 1967; teve sua primeira atuação profissional em 1979, toca piano e violão; compositor, arranjador e produtor musical de formação auto didata.
Além da boa parceria com a cantora Vânia Lucas, conta também com o diferencial de um grande trabalho de arranjador e compositor de trilhas musicais.


Sigam as trilhas da entrevista:


-- Fale-me um pouco sobre seu começo de carreira e evolução na música.

Comecei cedo na música, tocava bateria com 5 anos de idade, fui tocar no programa Almoço com as estrelas do Airton Rodrigues na TV Tupi em 1972;
Mas na verdade isso era mesmo uma diversão de criança, puro prazer, nem eu nem minha família pensávamos em "carreira"; meu pai tinha conjunto de baile com os meus irmãos mais velhos e isso era um tremendo estímulo, eu via os ensaios e imitava-os como qualquer criança;

Com 12 anos sim toquei meu primeiro carnaval ganhando um dinheirinho com meu pai e daí, segui compondo canções pra Festivais de música da escola e da cidade (Marília- SP); nessa época eu já tinha uma banda com amigos e um primo, aí fui tocar trompete que era o único instrumento com o qual eu poderia entrar na banda do meu pai, (os outros que eu gostava já estavam ocupados) no carnaval eu tinha cantado e tocado surdo, instrumento de percussão.

Aos 17 tocava na noite de Marília violão e teclado, às vezes bateria mas fiz vestibular pra odontologia por orientação de meu pai e admiração pelo meu irmão mais velho que já era dentista.
Me formei em 1988 com 21 anos e nunca parei de tocar e amar profundamente a música, fui pra Londrina me aperfeiçoar em Odontologia e lá encontrei uma escola de música na qual dei aulas e estudei com um músico que viria a ser meu sócio de uma escola de música em Marília; essa época já escrevia arranjos empiricamente e muito devagar, pois a notação musical ainda era um obstáculo.
Em 1993 fui pra Ribeirão Preto onde foi exigido muito mais de mim como músico e acabei abandonando a odonto e me dedicando integralmente à música. Foi a época em que mais me desenvolvi como músico, compositor, arranjador e produtor musical; fiquei lá por 17 anos até o ano passado e agora divido Ribeirão Preto com o Rio de Janeiro onde o mercado de trabalho é mais exigente e maior, com mais visibilidade e mais oportunidades, mais concorrência também porém com isso troco com mais músicos e de diferentes formações, conheço melhor esse meu Brasil musical, terra de grandes misturas e temperos musicais infindáveis!
Escrevo trilhas para TV, Teatro, dança e Cinema, componho música popular instrumental e canção, canto, toco piano, violão, um pouco de contrabaixo e percussão, faço arranjos e dirijo gravações de música, amo o que faço e vejo a música brasileira como um grande e valoroso tesouro que temos e que começa a ser cada vez mais bem visto e explorado.


-- Dos instrumentos que você toca, como são suas afeições, significados com cada um deles?

Gosto tanto de música, que gostaria de ter tempo pra me dedicar a vários instrumentos. Toco regularmente piano e violão. Como gravo muito os meus trabalhos, muitas vezes toco também outros instrumentos como escaleta, contrabaixo, viola caipira e percussão; e também canto.
Mas no geral prefiro ter um bom percussionista ao meu lado e os instrumentos necessários pra fazer aquele determinado som! Uso muito as cordas (geralmente quarteto) e os sopros diversos. É sempre melhor tocar com mais músicos!
Tenho paixões individuais por cada instrumento que toco, e no momento que estou tocando sempre imagino que poderia ter mais tempo de dedicação àquele instrumento. Tenho uma queda especial pelo contrabaixo, talvez uma culpa mal resolvida por não ter me dedicado mais a ele!
O violão é um velho companheiro. Me sinto livre para pensar melodicamente quando acompanho nesse instrumento.
O piano é mais senhor de tudo, para escrever arranjos tem de ser no piano. Componho também no piano e sou mais requisitado para tocá-lo. Acho que tem menos pianistas e acabei desenvolvendo especial relação com esse instrumento por amar demais a obra do Tom Jobim.



-- Quais as diferenças principais em compor para uma trilha sonora e para uma música instrumental, por exemplo?

Primeiramente, uma música instrumental pode ser uma trilha. Fazer uma trilha depende de muitos fatores a que se destina essa trilha: cinema, dança, teatro, filme publicitário; De acordo com o "esse tipo" de possibilidade você trabalha com diferentes expectativas e possibilidades de resultado.
Vamos supor que a trilha seja para cinema. Normalmente cinema traz consigo já uma carga de trabalho muito grande, orçamentos grandes e se trabalha normalmente com Orquestra pela grandiosidade e o grau de exigência desse tipo de trabalho.
Escrever para orquestra é trabalho gigantesco e pesado, demorado. Por outro lado é sempre maravilhoso trabalhar assim, a gente se emociona muito quando tem um trabalho desses pela frente, principalmente se o orçamento é bom e você pode contar com uma boa orquestra e bom estúdio de gravação.
Falando um pouco sobre estilo, imagine que a trilha é para dança e o tema do espetáculo e das coreografias seja bem futurista. Certamente teria que contar com sons eletrônicos, teclados, sintetizadores que podem ou não misturar-se a sons acústicos ou da orquestra, dependendo da proposta e do compositor, entende? O ambiente ou "clima" desejado é que definem o tipo de instrumentação e recursos que eu vou precisar para tal.

http://www.myspace.com/marioferes
http://www.youtube.com/watch?v=LuSYjyvyD9k- Show com Mário Féres (piano), Silvio Zalambani (sax), Tiziano Negrello (baixo) e Duda Lazarini (bateria) na Semana de Música da Unaerp- outubro de 2009- Ribeirão Preto

domingo, 30 de maio de 2010

Rivotrill - Descendência musical mundial


Quando Deuses ampliam-se e tornam-se sons da natureza, Música é criada. Se deuses transformam-se habilmente em Música, não poderíamos deixar de traduzi-la em pensamentos verbais sem antes de falar de Rivotrill. Tremenda sonoridade universal, com a lógica da influência brasileira, africana e muito mais…


Com uma chuva (que não é ácida), o grupo manda torpedos de chuva e sons próximos à um veludo da natureza meditando… O baixista desenhando linhas próximas à um toque de violão de Lenine… O percussionista tocando sua percu-bateria, delineando um som grave como a música pede… E a flauta imprimindo o caminho a ser seguido pelo grupo… Vale a pena conferir:


domingo, 23 de maio de 2010

Benny Greb - Respirando música


Benny Greb, um baterista que literalmente respira conforme a música. Quando todos os movimentos estão congruentes com a música e com o espaço vazio entre as notas, se consegue encontrar um músico de alta perfomance e precisão. Extremamente criativo e musical, Benny, no seu último DVD, nos mostra todo o seu universo criativo… Vale a pena conferir “The Language of Drumming”.


http://www.youtube.com/watch?v=znEppPlJMZE - Benny Greb - DVD Trailer
http://www.youtube.com/watch?v=MbrQnwxvWt8&feature=related- Benny Greb - Making Of Grebfruit
http://www.youtube.com/watch?v=ecbM9yZ6Hzk - Benny Greb Brass Band - Trailer / Making Of / new album 2009
http://www.youtube.com/watch?v=eRIpqK5w63w&feature=fvw - Johnny Rabb & Benny Greb_Funny moments at M. festival

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O que Foi, já não É mais / O que É, não Foi Jamais


Aproveito o espaço musical aqui, para divulgar meu primeiro livro. Não é sobre música, mas talvez haja alguma melodia nele.

O Romance chama-se "Pena que Foi Ontem".

Abrs...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Christiano Rocha – Ritmismo – Entrevista Parte II

A corda do seu violão quebrou? A baqueta virtual a data expirou? Não há problemas…





Aproveitem a segunda parte da entrevista com Christiano Rocha, recheada de boas informações e leque aberto de influências…





Abrs!

-- Qual o set que você usou? Quais pratos, caixa… Como foi a escolha da caixa e do respectivo som para o disco?

Como a primeira gravação é de 1996 e a última é de 2006, os kits variaram bastante. Boa parte das faixas foi gravada com minha DW Collector’s Series (maple), medidas 10” , 12” , 14” , 16” , bumbo de 20” x 18” e várias caixas, inclusive minha predileta, uma Pearl modelo Steve Ferrone, de 14” x 6 ½”. Usei também uma caixa Pearl free floating de 14” x 6 ½”, uma DW de 5” , uma de 12” da Mapex e uma soprano que peguei emprestada com o Giba. Voltando às baterias, também usei uma Ludwig, que não tenho o hábito de usar, mas era o que tinha no estúdio em que gravei uma das faixas, em Nova York. Usei também uma Yamaha 9000, mas depois que comprei a DW me desfiz dela, apesar de achá-la uma excelente bateria. Minhas referências de som de bateria fogem da linha que vem sendo seguida, que é aquela linha vintage, meio jazzy, que acho bacana também, mas não é “meu som”. Gosto do som de bateria do Teo Lima, do Carlos Bala, do Carlos Vega (principalmente no disco GRP Live in Session), do Simon Phillips (que acho que é o melhor som de bateria atualmente) e também do som de bateria do Vinnie Colaiuta naquele vídeo Zildjian Day in New York. Enfim, gosto de tambores que cantam e pratos com um release controlado e com certo brilho, tipo os K Brilliant. Pratos foram vários. Rides, crashes, splashes, chinas, bells, chimbais. Usei Sabian (HH), Zildjian (A Custom, K e Avedis), Istanbul Mehmet, Paiste, e outros sem marca, que são “péssimos”, baratos e vagabundos, mas que adoro e não os vendo por nada!
Quanto a escolher o “som para o disco”, fui mostrando algumas referências (discos, no caso) para os produtores Cláudio Machado e Adonias Júnior (este último mixou e masterizou o CD), coisa que aprendi com meu amigo Zezo Ribeiro quando trabalhávamos em seu CD Flamencando , que considero um disco belíssimo e atemporal. Na verdade, a equação é simples: captação não funciona para arrumar problema de timbragem – seja devido a “mão” do cara que tocou (ou “não” tocou) ou ao instrumento utilizado; mixagem não é para arrumar problema de captação; masterização não é para arrumar problema de mixagem. Moral da história: se você tirar som do instrumento, o instrumento for bom (bem afinado, com peles novas, sem parafuso solto etc.), a captação for boa (sala, mics e prés de qualidade) a mix e a masterização forem feitas com uma pessoa de confiança, não tem como o disco soar mal. Claro que também entra a parte conceitual e artística, mas aí é outra história.

-- Quais as influências mais marcantes que você e os músicos que gravaram o disco tiveram e projetaram para o mesmo? Foi algo antes de tudo pensado, ou muita coisa surgiu durante as gravações? Quem gravou com você as faixas?

Chamei os músicos que chamei porque queria o som deles, mas se você ouvir o disco provavelmente notará de antemão as referências, influências e “cópias” (de minha parte, no caso), que são claras. Algumas até vindas de outras formas de arte, como o cinema, como é o caso da introdução da primeira faixa, totalmente Blade Runner, feita pelo Emílio Mendonça (tecladista). Ritmismo é um CD meio contemplativo, bom para ser ouvido numa viagem de carro, por exemplo. Posso citar várias referências, minhas e dos músicos dos quais tocaram no disco: Pat Metheny; Lyle Mays; Vinnie Colaiuta; Steve Winwood; Frank Zappa; Joe Zawinul; Manu Katché; Bill Frisell; Rubén Blades (disco Mundo); Arthur Maia (que tocou no CD); os overdubs do Paul Wertico no disco First Circle do Pat Metheny Group; Cama de Gato; Allan Holdsworth; Hermeto Pascoal; Teco Cardoso (que tocou no disco); Dori Caymmi; Zezo Ribeiro (que tocou no disco); Olmir Stocker (“Alemão”); Paulinho da Costa; Carlos Bala; Pascoal Meirelles; Hélio Delmiro; Tania Maria; o samba jazz carioca; Milton Banana; Rubinho Barsotti; David Garibaldi; Rique Pantoja; Cesar Camargo Mariano; Giba Favery (que participou da faixa “Gaia”); Zonazul; Michel Freidenson (que tocou no disco); Teo Lima; Batacotô; Paulinho Vieira (um baterista sensacional, grande influência que tenho, que mora em Ribeirão Preto ); a música do Oriente Médio; as bandas desenhas do português José Carlos Fernandes; Ivan Lins; Milton Nascimento; Renato Consorte (que tem um belo trabalho instrumental e que tocou no disco); o jequibau de Ciro Pereira e Mário Albanese; Max Roach; Terry Bozzio; Steve Smith; lounge; Trilok Gurtu; Maria João; Anggun; Jean Luc Ponty; Steely Dan; Chroma; Elements (Danny Gottlieb e Mark Egan); Bobby McFerrin (disco Bang!Zoom); Miles Davis; Tony Williams; Michael Brecker; Dave Brubeck; Jeff “Tain” Watts; Herbie Hancock; Mike Stern (o disco Voices é uma grande referência que carrego comigo); The Players; Steps Ahead; André Geraissati (que tocou no disco) e seus discos Next e DADGAD; Steve Gadd; Jeff Porcaro; Stewart Copeland; The Police; Sting; Luiz Gonzaga; Azael Rodrigues; Ronaldo Basbaum; Flávio Venturini; 14 Bis; Wander Taffo; Toto; Mike Porcaro; Phil Collins; Gino Vannelli; Michael Sembello; Alejandro Sanz; Alfredo Paixão; Van Halen; Journey; Deen Castronovo; o disco American Garage, do Pat; as frases de prato do Terry Bozzio (se ele ouvir o disco, me processa!); Steve Lukather; Los Lobotomys; Simon Phillips; Torcuato Mariano (que tocou no disco), e que gravou um disco que adoro, Atelier; Dennis Chambers; Mike Clark; Jeff Beck; Arismar do Espírito Santo; o maracatu e os espetáculos populares de Pernambuco; Marcus Miller; Ronny Jordan; música flamenca (buleria, martinete etc.); Paco de Lucia; Vicente Amigo; Chano Dominguez; a Guernica, de Picasso; Mario Boffa Jr (que está no CD); James Brown; Maxwell; EWF; Screaming Headless Torsos; Omar Hakim; Renato “Massa” Calmon; John Patitucci (que tocou no disco); Mozart Mello (que também tocou no disco); as trilhas do Jeff Beal etc. Isso sem falar na influência de todos meus mestres.
O CD contou com a participação de quarenta músicos. Além dos nomes que citei, também participam: Cláudio Machado (costumo dizer que o disco é mais dele do que meu); Adonias Júnior; Adriana Godoy; André Olzon; Celio Barros; Djalma Lima; Edu Ardanuy; Eduardo Queiroz; Eugénia Melo e Castro; Evandro Gracelli; Fábio Augusto; Fábio Luchs; Fábio Santini; Fábio Zaganin; Graça Cunha; Gustavo Martins; José Roberto Gaia (que também assina quatro faixas do disco); Luciano Khatib; Marcelo Pizarro; Márcio Forte; Marcos Romera; Markinhos Tessari; Newton Carneiro; Rubinho Ribeiro; Vitor Alcântara; Walmir Gil e Wanderson Bersani.

-- Como foi misturar as tendências de música progressiva com os ritmos brasileiros? Que outras tendências e influências aparecem no álbum, no seu modo de ver? Algo de música oriental, talvez?

A arte é progressiva. A música, assim como a vida, deve ser progressiva. A música brasileira não é exceção. Ninguém pegou a chave e a jogou fora, portanto, não me preocupo em ter de manter a tradição, apesar de achar muito importante conhecê-la. Detesto ir “by the book”. Não sou muito “certinho”, se é que você me entende. Faço um monte de coisa “errada”, de acordo com os “puristas”. Ótimo!
Quanto a estilos, Ritmismo mistura bastantes elementos, inclusive a música ocidental com a oriental. Essa fusão aconteceu naturalmente, mesmo porque não sou especialista em nada. Apenas adoro música e tenho a sorte de ser chamado para tocar diferentes estilos de música. Também sinto uma enorme necessidade de produzir, que nem sempre é a mesma coisa que trabalhar (afinal, nem todo trabalho, mesmo na música, é produtivo). Acho que o disco reflete tudo isso. Outro estímulo que tive para fazer o disco foi a curiosidade e a constante busca pelo conhecimento, afinal o aprendizado nunca para. Ninguém sabe tudo a ponto de não ter nada a aprender e não sabe nada a ponto de não ter nada a ensinar. Realizar esse projeto foi um grande aprendizado, inclusive no âmbito pessoal. Independente de fusões, buscas e afins, meu objetivo maior é que a música emocione, toque na alma, por isso fiz um disco que eu gostaria de ouvir. Cheguei perto, pois das quatorze faixas, “pulo” apenas três!


-- Qual foi o ritmo que te instigou a começar a tocar e fazer música?
.


Rock.
.
.
Vídeos:

http://www.youtube.com/watch?v=WHzlKZVjEhA - Christiano Rocha com Corciolli - Dvd

http://www.youtube.com/watch?v=7Zdsilu0sJ8 - Adriana Godoy e Christiano Rocha - Vento Bravo

http://www.youtube.com/watch?v=aMz9DvrvpTg&feature=related - Christiano Rocha Quarteto - "Armando's Rhumba

Dave Matthews & Tim Reynolds


Mais uma dos irmãos de som Dave Matthews e Tim Reynolds. You & Me, cai bem à união musical dos dois. Tirada do último cd da Dave Matthews Band, You & Me mostra mais uma faceta da engrenagem acústica dos dois...

http://www.youtube.com/watch?v=CX4ddonsbjM

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Michel Leme – Dos “5º”s cds do mercado, este, o 1º, o mais “Novo”

Grata surpresa foi poder ver neste último sábado, a apresentação do grupo do Michel Leme no Bar “Jazz nos Fundos” com Sidmar Vieira (trompete), Alexandre Mihanovich (baixo) e Arismar do Espírito Santo (bateria).… Rolou de tudo nos temas, e principalmente nas improvisações… Minúsculas citações, como Beethoven… Arismar e Michel puxando uma surf music… rs… E uma versão possuída de “Maiden Voyage”…

E pra celebrar tais momentos, segue uma pequena abreviação do último disco de Michel Leme, que nos conta aqui como foi o processo de gravação do cd… Que mais uma vez inova e quebra barreiras, barreiras que os verdadeiros artistas nem sabem que existem, pois passam por elas sem nem mesmo percebê-las e nem aprisionando a si mesmos por elas…
Um dos maiores destaques do cd, não poderia deixar de ser, é a presença contínua de dois bateras tocando ao mesmo tempo!
.
Fala aí Michel:
.

“5°” é o meu quinto disco lançado de forma independente. Este teve o apoio cultural das marcas: D’Addario, Nux, Rotstage, Playtech, espaço Sagrada Beleza, EM&T e Sho’You (áudio e vídeo).

Quem toca: Bruno Migotto (baixo), Bruno Tessele (bateria e percussão) e Waguinho Vasconcelos (bateria e percussão). O disco traz 6 músicas inéditas e uma faixa bônus (também inédita) em vídeo.

Tivemos duas sessões de gravação. A primeira aconteceu no dia 17 de setembro de 2009, no Estúdio Cantareira e foi captada pelo Ricardo Marui. Essa sessão foi em trio: eu, Migotto e Waguinho.
Valeram duas músicas: “3 Notas” e “Blues de Ocasião”.

Para a segunda sessão, que aconteceu em 30 de Outubro de 2009 no auditório da EM&T, tive a idéia, uma semana antes, de gravar com duas bateras. Aí chamei o Bruno Tessele que já havia tocado esse repertório comigo e o Migotto. O Waguinho e o Tessele não se conheciam até então e, no momento da gravação, eles foram apresentados um ao outro, o que quer dizer que não deu tempo de ensaiar ou planejar nada - o que eu achei ótimo, porque essa música soa mais honesta assim. Para captar e traduzir em som o espírito do momento é necessário que todos ouçam o que está sendo tocado na hora com toda a concentração; isso faz com que ninguém ligue o “piloto automático” e a coisa soe realmente musical. Sinto que o que se ouve nesse disco é algo com esse espírito.
Gravamos todos juntos, valendo, e sem quaisquer correções depois.

A sessão da EM&T foi captada pelo Flávio Tsutsumi e o disco foi mixado e masterizado por ele e por mim. A arte tem fotos da Vanessa Saad e do Flávio Tsutsumi. A letra que se lê no encarte e na capa é a minha e a bela aquarela da capa foi pintada pela amiga e artista plástica Cinthia Crelier – que pintou ouvindo a primeira mix do disco.

As músicas:

“Deixem o Coltrane em Paz” é um ¾ que faz referências a algumas músicas gravadas pelo (cabem aqui mil adjetivos) John Coltrane como “Afro Blue” e “My Favorite Things”. O título veio à minha mente porque em alguns papos de músicos tudo é o Coltrane: Coltrane isso, Coltrane aquilo... Claro que é melhor ter um cara desse como referência do que a Ivete Sangalo... Mas o que incomoda, de fato, são os caras que apenas se escondem atrás de caras como o John Coltrane e outros grandes, ao invés de parar de falar e se concentrar em sua própria música.

“Samba dos Excluídos” é um tema que estava pra sair já faz alguns anos e só se concretizou em 2008. Eu ouvia na mente algo parecido com a melodia da parte A, aí tentei passar a idéia para a guitarra - honestamente, não sei se o fiz fielmente. Mas a idéia, ou pelo menos o caminho da frase que eu tinha na mente, é o que se ouve no CD. O título tem a ver com o seguinte: revolta-me viver num mundo que tem a maioria de sua população como uma multidão de excluídos, totalmente sem perspectivas ou condições mínimas de vida. E o que a mídia (o alto-falante das classes dominantes) faz ao anestesiar as pessoas reduzindo esta enorme tragédia a histórias pessoais, mostrando 01 família que está na miséria em algumas cenas com fundos musicais patéticos, é um dos exemplos da manipulação cuidadosamente pensada para que ninguém sinta a gravidade da situação real. Fiquemos espertos!

“Chica Hermosa” é um chachacha, ritmo o qual eu adoro, porque soa um tanto quanto, eu diria, cafajeste. Faço músicas assim pra tirar uma onda e rir pra cacete, mas acabo tocando-as por aí porque têm uma forma gostosa pra improvisar e uma melodia que fica na mente.

“Aos Poucos” é um tema composto pelo Bruno Migotto. Não sei qual a história dessa composição, mas ela tem a mesma harmonia do “I Got Rhythm” do Gershwin, conhecido pelos músicos como “rhythm changes”. Gostei muito desse tema quando toquei no septeto do Migotto (recomendo ouvir o belo disco recém-lançado dele, o “In Set”) e por isso começamos a tocá-lo nos sons que fizemos por aí antes de gravar. Acho que combinou com a idéia desse trabalho.

3 Notas” tem o andamento mais rápido que já gravei. A estrutura é parecida com a do “So What” do Miles Davis, só com a segunda parte em outro tom. O tema tem 3 notas principais: C, B e A; o restante é improvisado.

“Ananda Moy Ma” foi um tema que nasceu do ímpeto que tive em fazer uma homenagem a essa santa da Índia. O capítulo do livro “Autobiografia de um Iogue” de Paramahansa Yogananda no qual ele conta os encontros que teve com ela (a quem ele descreve “Saturada de Bem-Aventurança”) me inspirou. Essa composição, muito simples, com apenas duas partes, nasceu numa das primeiras transmissões que fizemos na TV Cia da Música, no que viria a ser o programa Michel Leme & Convidados - que ficou no ar de novembro de 2007 a Dezembro de 2009. Nessa ocasião, eu estava tocando com o Digão (bateria) e o Deco (baixo) e o tema aconteceu na hora, ao vivo. Foi um momento muito feliz, sinto-me muito grato. Na gravação do CD, com as duas bateras, rolaram partes que nunca tínhamos tocado, na intro e no final – nada combinado também. Fiquei muito feliz por ter registrado isso, porque ao vivo nunca será igual.

Enfim, convido a todos para que ouçam o “5°” e agradeço pela atenção.
Um grande abraço e muito som pra todos!

Michel Leme
website: http://www.michelleme.com/


http://www.youtube.com/watch?v=sZmi2wgyL9g - Lançamento do cd 5º

quinta-feira, 18 de março de 2010

Christiano Rocha – Ritmismo – Entrevista Parte I


Ritmismo, CD capitaneado pelo baterista Christiano Rocha, é uma obra extremamente instigante pelas várias vertentes musicais presentes. Idealizado com muito bom gosto, Ritmismo mostra que Christiano e sua trupe não se intimidam em criar uma música que rompa com estruturas e que ao mesmo tempo consiga deixar-nos repletos de espaços novos para circular a criatividade.
Vejam mais nessa primeira parte da entrevista um pouco sobre a gravação do cd e abaixo vídeos e links de Christiano… Abrs!


-- Com quais projetos musicais (gravação, ao vivo) você está envolvido no momento?


Continuo “insistindo” com meu quarteto, composto pelos senhores Cláudio Machado (baixo), Bruno Alves (teclados) e Fábio Santini (guitarra), músicos excepcionais com quem tenho muito orgulho em tê-los comigo. Já fizemos alguns shows, como no Sesc São José dos Campos, Auditório da EM&T, Teatro Décio de Almeida Prado, Willi Willie Bar, além de um programa na TV Cia da Música (Programa Edu Letti).
Acabou de sair do forno o segundo CD da cantora Adriana Godoy, Marco, no qual gravei sete faixas e assinei a co-produção. É um disco de música brasileira e tem a participação do Triálogo, com o excelente Percio Sapia na bateria, além de Filó Machado, Léa Freire, Daniel D’Alcântara, Cláudio Machado, Débora Gurgel (que assinou os arranjos e a direção musical) e Itamar Collaço, entre outros. Em breve, deveremos começar os shows de lançamento.
Gravei o CD Lightwalk, do tecladista Corciolli, que é um trabalho mais na linha do chamado new age e world music (se bem que toda música é world, afinal todos nós fazemos parte de algum mundo, geralmente o mesmo!) mesclado com pop, metal e rock progressivo. O trabalho contou com Tony Levin, Naná Vasconcelos, Andre Matos, Ulisses Rocha, Marcus Viana, Sylvinho Mazzuca, Renato Martins, inclusive meu parceiro Cláudio Machado (baixista), com quem toco há mais de vinte anos. Em breve sairá o DVD também, que é o registro do primeiro show que fizemos, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.
Saíram duas coletâneas das quais fiz parte, completamente antagônicas. Uma do saudoso Wander Taffo, num CD duplo (Wander Taffo), em que foram utilizadas duas faixas do CD Ritmismo: “Na Estrada”, composta pelo Wander, e “Sons do Silêncio”, uma bela balada. Aliás, tive a felicidade de entrar na Banda Taffo. Chegamos a fazer um ensaio e ficamos todos muito animados, mas aí o Wander nos deixou. A outra coletânea é da cantora Eugénia Melo e Castro (DuetosX16), um disco meio “Brasuca hi tech” (tipo samba com chibal de 12” ), apesar de ela ser portuguesa. Gravei três faixas, duas com o Chico Buarque e outra com a Adriana Calcanhoto. O CD conta também com Tom Jobim, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gal Costa, Gonzaguinha (minha faixa predileta), Ney Matogrosso, Carlos Lyra, Simone e Paulo Jobim.
Recentemente, toquei com a orquestra Arte Viva, do maestro Amilson Godoy. Trabalho regularmente com uma banda que toca no circuito noturno de São Paulo, como o Bourbon Street, eventos, casamentos, formaturas, o que vier. Também faço alguns shows com o cantor e compositor Peninha, além de “subs” para alguns de meus colegas e amigos (Karnak, Havana Brasil, Marisa Orth etc.). Às vezes toco “de curtição” numa banda que interpreta músicas do guitarrista Carlos Santana, o Kaduna, que tem um congueiro e um timbaleiro magníficos (Enio Di Bonito e Markinhos Tessari, respectivamente).
Acho importante ressaltar que já passei (e provavelmente ainda vou passar) por fases com pouquíssimas gigs. Isso acontece, é normal, faz parte de nossa profissão, mas não podemos desanimar e nos deixar abater. Acho que devemos manter, dentro do possível, uma atitude positiva. Faz parte do jogo.


- Como foi a ideia e consecução da gravação do CD Ritmismo? Como foi esse processo, que foi dado em cerca de 6 anos?!


A resposta “normal” seria “ah, foi um barato”, mas, na verdade, foi um processo lento, às vezes frustrante (principalmente quando acabava minha grana) e doloroso – desde mexer naquela música que traz à tona sentimentos e pessoas guardados convenientemente numa caixa lacrada e empoeirada, no fundo do coração, até ter de encarar suas limitações, como músico e ser humano. Não tem jeito, crescer dói! Como dizem, envelhecer é inevitável, crescer é opcional. Em contrapartida, quando você ouve o trabalho pronto, é muito gratificante. Carrego alguns arrependimentos sim, mas fazer esse disco certamente não é um deles. É comum ouvirmos alguém falar que seu primeiro CD não ficou como queria, mas, definitivamente, não foi o meu caso. O CD ficou melhor do que eu havia sequer sonhado, graças ao talento e a generosidade das pessoas envolvidas no projeto, além de uma pré-produção detalhada e uma pós-produção cuidadosa, feita sem pressa. Uma das coisas que aprendi com os grandes produtores é que é fundamental chamarmos as pessoas certas (não tem como um solo do Arthur Maia ficar “meia boca”, por exemplo). Enfim, a consecução foi bem mais prazerosa que a ideia em si, que beirou o traumático.

-- O músico sempre está na busca do timbre perfeito, principalmente o baterista. Notei uma grande “aderência” do som dos outros instrumentos à sonoridade da bateria e de cada nota tocada. Como foi esse processo de maturação dos arranjos? Foi tão longo quanto o tempo para o lançamento do cd?


Uma boa timbragem é vital. Faz toda a diferença. Assim como a concepção de timbragem, o processo de maturação dos arranjos, pré-produção e pós-produção foi longo e muito bem pensado. Sou muito criterioso em tudo em que ponho a mão (lê-se “chato”), ainda mais quando sou eu quem assina, pois se algo der errado, a culpa é minha! Os arranjos, as formações, os timbres (não só de bateria) foram muito bem escolhidos. Existem, por exemplo, timbres de teclado com cinco sons diferentes somados. Tudo isso demanda tempo e paciência. Mesmo assim algumas coisas tiveram de ser regravadas. Tudo foi pensado (ou sonhado), analisado, discutido e posto em prática. Não teve esse lance de “vamos tocando, ‘sentindo’ e ver no que dá”, no meio das sessões de gravação. Não tenho nada contra esse tipo de processo, apesar de que no Brasil parece que é feio ensaiar e maturar um som. Não sou genial e tenho minhas limitações. Se músicos como Pat Metheny, Frank Zappa, Hermeto Pascoal, Olmir Stocker e Chick Corea, que são geniais, ensaiaram e pesquisaram exaustivamente, porque um cara normal que nem eu não faria o mesmo?
Acho que em tudo na vida precisamos ter referência. Depois que você prova uma mostarda Dijon fica difícil engolir a mostarda de saquinho do Mac Donald’s, assim como casar com a primeira namorada deve ser meio complicado. O triste é que os padrões parecem piorar. De Big Brother às relações interpessoais.



http://www.youtube.com/watch?v=hhJiBx7hRH8 - Circular Paulista
http://www.christianorocha.com/ - no link Ritmismo – download da faixa título
http://www.myspace.com/christianorocha


sábado, 20 de fevereiro de 2010

Paulinho Moska - "Tudo novo de Novo"



Já antecipando o gosto dos próximos sabores a serem apreciados no novo álbum de Paulinho Moska ('Muito' e 'Pouco'), deixo aqui com vocês, a letra e alguns vídeos do disco "anterior", o "Tudo Novo de Novo", disco que pra mim é uma pérola...


TUDO NOVO DE NOVO
Letra e Música: Moska



Vamos começar
Colocando um ponto final
Pelo menos já é um sinal
De que tudo na vida tem fim



Vamos acordar
Hoje tem um sol diferente no céu
Gargalhando no seu carrossel
Gritando nada é tão triste assim



É tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos



Vamos celebrar
Nossa própria maneira de ser
Essa luz que acabou de nascer
Quando aquela de trás apagou



E vamos terminar
Inventando uma nova canção
Nem que seja uma outra versão
Pra tentar entender que acabou



Mas é tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos



http://www.paulinhomoska.com.br/

http://blogdomauroferreira.blogspot.com/2009/12/moska-planeja-lancar-muito-e-pouco-em.html

Vídeos:

http://www.youtube.com/watch?v=gXwFZ_xeVHw - Tudo Novo de Novo - retirado do DVD
http://www.youtube.com/watch?v=YCD5MmU0qf4 - Paulinho MOska e Céu no Programa Zoombido

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Por falar em Sebastiaan De Krom

Para falar de Sebastiaan De Krom, baterista, é preciso antes falar de Jamie Cullum, cantor, pianista, compositor e artista, cuja banda Sebastiaan faz parte – e faz sua parte com esmero.

Jamie é o típico ser criativo que tem dons que brotam das entranhas, e que se não conseguisse expressar-se ao vivo e na música da maneira na qual se projeta e se lança, alguma coisa de muito séria poderia acontecer….rs


E para acompanhar seres assim, de instintos musicais exacerbados, só músicos de categoria elevada, como Sebastiaan, que tem aquela qualidade única que poucos músicos tem, que é a de saber e poder transitar por vários estilos musicais sem perder sua dinâmica musical e seu impacto. Ele caminha livre por entre os amálgamas formados pelas composições de Jamie, que rodam em torno das influências do Pop e do Jazz.


De Krom acompanha a banda com elegância e pressão, totalmente absorvido na música, tocando totalmente “para” e integrado à música.

Abrace as imagens mnemônicas que irão colar à sua mente, aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=h1SSKe3zxbg - Jamie Cullum - I Get A Kick Out Of You – Sebastiaan, e Jamie com seu jeito percussivo-expansivo de ser

http://www.youtube.com/watch?v=cYfCDf7DxV0&feature=player_embedded#at=47 - Sebastiaan De Krom, Bart Defoort & Emanuele Cisi Quintet

http://www.youtube.com/watch?v=Zn96qX9XQOk - Jamie Cullum Next Year Baby & Wind cries Mary (Live At Blenheim Palace)

http://www.youtube.com/watch?v=3RUTgB07J_U - Jamie Cullum - I'm All Over It Official Video – tirada do novo album The Pursuit

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Heraldo do Monte – Uma “Escola” Viva


Há músicos extraordinários que sempre irão soar contemporâneos aos nossos ouvidos. Um desses grandes nomes está aqui nesta entrevista especial. Heraldo do Monte. Clássico da música brasileira, guitarrista, compositor, arranjador, e que também toca cavaquinho, viola e contrabaixo, e além de tudo nos presenteia com sua voz que fala aqui um pouco sobre sua história. História permeada pela aventura musical com seus companheiros Hermeto, Airto Moreira e Théo de Barros, o Quarteto Novo.

-- Heraldo, como funciona para você a pesquisa da guitarra brasileira abrangendo os ritmos? Quais foram suas principais fontes musicais? Alguma que fora reciclada, sucateada, ou eliminada, com o passar do tempo? (risos...)


Eu não precisei pesquisar, pois cresci rodeado de repentistas de viola, banda de pífanos e de frevo, além das melodias do Luiz Gonzaga. Quando nós (Hermeto, Theo e Airto) nos juntamos para mudar o jeito de improvisar, foi só lembrar dos sons desse pessoal. Mas como a gente tem educação musical mais sofisticada do que eles, tivemos o cuidado de pegar a essência, sem imitá-los. Seria falso. Ah, o nome dessa turminha é Quarteto Novo.

-- O que você pensa a respeito do fraseado do jazz em cima de um samba, baião? Na hora de improvisar, é importante sempre respeitar a linguagem de determinado estilo, ou é possível utilizar-se de “ferramentas” como a linguagem do bebop para solar num samba, por exemplo?


Pode-se usar Bebop em Samba, assim: Um bom improvisador não fica alheio ao que está acontecendo com os outros músicos no palco, mas escuta cada intenção sonora deles. Sendo assim, vai responder às acentuações do samba, o que vai "forçar" uma linguagem brasileira. Se ele for surdo ao que está acontecendo, fica horrível, em qualquer gênero de música. Eu mesmo, uso (em samba) elementos de Bebop, com mistura de choro e outras coisas brazoocas. Dá para se perceber no Giant Steps (que você pode ouvir no www.myspace.com/heraldodomonte). Falando em Giant Steps, já notou como se grava tanto essa música ou só com bateria, ou só com contrabaixo? Será porque assim o solista pode mentir numa boa? Ou faz um arranjo que faz com que ele "fuja" dos primeiros compassos? Eu tive a coragem de colocar uma guitarra fazendo os acordes no fundo, dá para perceber que está tudo certinho. Quando a música tem um acorde só, depois de algum tempo fica monótono. Aí eu uso o recurso serial. Doze sons da cromática, em qualquer ordem, de preferência não repetindo nota, pelo menos no mesmo compasso. É difícil não repetir, mas eu tento...

-- Muitas pessoas apontam você como criador de uma “Escola” de guitarra brasileira. O que você acha disso?

Não é por genialidade minha, ou coisa parecida. Apenas tive a sorte de viver numa época e participar de um grupo de músicos que tinha uma espécie de missão auto-imposta. Como resultado: Você pode fazer uma grande pesquisa acerca de gravações de improvisos de músicos (qualquer instrumento) de antes de 1967 e depois de 1967. Não arranjos ou composições, só improvisos. Principalmente músicos urbanos usando climas nordestinos. A gente abriu uma porta que estava na cara, mas ninguém "se tocou". Sorte, né?

-- No “choro”, já existia algum sinais de improvisação há muito tempo atrás, e hoje, algumas escolas de choro não dão muita importância à improvisação. Qual sua opinião sobre o assunto?


O "chorão" tem duas opções: Ou ele improvisa bem, ou passa a falar mal de quem improvisa. Simples... Hamilton de Holanda prefere improvisar. Quem vos fala, também.

-- Vendo você tocar guitarra, percebe-se algumas inflexões parecidas com o modo de solar de um cavaquinho, um bandolim... Estou certo disso?

No meu bairro (Mustardinha, Recife), ainda moleque (já tinha juntado os instrumentos de cordas ao clarinete), eu costumava participar de rodas de choro, tocando cavaco e bandolim. Quando ia dormir, chegava em casa, e os sons das gafieiras, com Jacob e Waldir, iam me fazendo sonhar. Quando improviso, deixo tudo correr solto, e não vou censurar uma coisa tão boa, certo?

-- Como foi tocar e conviver com Hermeto Pascoal?


Conheci Hermeto tocando sanfona no regional da Rádio Jornal do Commercio do Recife (Commercio com dois m, mesmo!). Sempre criativo e derrubando as barreiras do estilo. Convidei-o para tocar piano no grupo de uma casa noturna, o Delfim Verde, na Praia da Boa Viagem. Nasceu uma admiração mútua e uma afinidade muito grande, musical e pessoal. Depois nos encontramos em Sampa e continuamos a trabalhar juntos na noite. Nós não tínhamos ainda feito nada de importante na música... O Hermeto ainda não era famoso e isso fez com que a gente vivesse uma fase muito divertida; O Hermeto sempre tocou muito bem, até aí nada de mais. Mas o bom mesmo era quando ele começava (toda noite tinha esses momentos) a imitar um músico muito, muito ruim. Harmonias horríveis, acentuação ridícula, tudo junto. A gente ria de chorar (ou chorava de rir...rs) e os frequentadores não percebiam por quê! Depois, veio o Quarteto Novo e acabou a graça... o resto é conhecido.

Entrevista realizada por Caio Garrido com grande colaboração do guitarrista Alexandre Peres.

Vídeo e site:
http://www.youtube.com/watch?v=9l37msc-4No


domingo, 24 de janeiro de 2010

Os solos mais marcantes da História do Jazz

Olá, pessoal...

Gostaria aqui de convidar os possíveis leitores deste blog para uma enquete poderosa:

Quais foram, na opinião de vocês, os solos mais marcantes da História do Jazz... ?



Vou postar aqui neste mesmo post, as impros mais votadas, com o nome de quem votou, o instrumento do artista votado, o próprio instrumentista, o nome da música, e o disco em questão...

Abrs...
Caio

Seguem os solos escolhidos por alguns de nossos melhores leitores:

por Alexandre --
http://www.youtube.com/watch?v=9l37msc-4No -
solo de Heraldo do Monte

por Michel Leme --
- Wayne Shorter em "ESP";
- John Coltrane em "Bye bye blackbird" com Miles Davis em 1958;
- Sonny Rollins em "B Quick" do disco Tour de Force.

por Érico Cordeiro --
- Lucky Thompson, em I Forgot To Remember, do disco Lucky Strikes;

- Idriss Sulieman, em Juicy Fruit, do disco The Hawk Flies High (de Coleman Hawkins);

- Dizzy Reece, em Starbright, do disco Flight To Jordan (de Duke Jordan);

- Oscar Peterson, em People, do disco We Get Request;

- George Coleman, em There Is No Greater Love, do álbum Four & More (de Miles Davis);

- Donald Byrd, em Up A Step, do disco No Room For Squares (de Hank Mobley);

- Chick Corea, em Rhythm-A-Ning, do disco Trio Music;

- John Coltrane, em But Not For Me, do disco My Favorite Things;

- Freddie Hubbard, em The 7th Day, do disco The Artistry Of Freddie Hubbard;

- Dexter Gordon, em A Night In Tunisia, do disco Our Man In Paris;

- Cannonball Adderley, em Straight, No Chaser, do disco The Cannonball Adderley In San Francisco;

- Grant Green, em Ezz-Thetic, do disco Solid;

- Keith Jarret, em If I Were A Bell, do disco At The Blue Note - The Complete Recordings (Vol. II).

- Miles Davis, em So What, do disco Kind Of Blue;

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

André Mehmari – Aliando Sentimento e Criatividade


Para abrir o leque de entrevistas deste começo de Ano-Véspera de uma nova década musical (assim espero) com chave-de-ouro aqui neste blog, tenho o grande prazer de anunciar que a primeiríssima entrevista deste ano bom de 2010 será realizada com um dos mais “estonteantes” pianistas e músicos da nossa geração. Singularidade e extremo bom gosto nas suas composições, apresentações e execuções, André, através da entrevista a seguir, demonstra todas sua humildade, solicitude e atenção.

André Mehmari, uma aula de improviso e intuição, é um músico que colhe sementes dos mais variados estilos musicais. Ele, nascido em Niterói, e com grande parte de sua vida musical desenvolvida e iniciada em Ribeirão Preto, fundiu em sua carreira, com grande maestria, diga-se de passagem, vários ingredientes musicais, como o Jazz, Música brasileira e o Erudito. Compositor, e excepcional arranjador, tem em seu Piano e em sua técnica soberba, o tapete onde se apoia, mas é um pianista daqueles que tem algo mais a mostrar, que consegue expressar através de sua música um chamado mais profundo de alma e vigor musicais, que faz com que todos os seus ouvintes tornem-se imediatamente “letrados” em música, por sua capacidade de cumprir a tarefa difícil de tocar música complexa com excelente qualidade para proporcionar a qualquer ouvido treinado ou destreinado uma bela degustação.

Através desta entrevista abaixo, ele nos conta mais um pouco sobre si, sobre sua música e projetos futuros. Aproveitem!



-- Olá André, grande prazer poder dividir este espaço com você. Fale-me um pouco dos músicos e pianistas que lhe são referência e te inspiram sempre...


Pianistas: Egberto, Ernesto Nazareth, Luis Eça, Bill Evans, Keith Jarrett, Thelonious Monk, Herbie Hancock, Lyle Mays, Paul Bley, Bobo Stenson... outros que não me recordo agora. Tenho vários pianistas 'clássicos' que são referência de sonoridade e acabamento expressivo: Nelson Freire, Guiomar Novaes, Cziffra, Perahia, Rosalyn Tureck, Gould, Maria Tipo, Marta Argerich e tantos outros...
Músicos são tantos... a grande escola da canção brasileira (Caymmi, Jobim, Chico, Milton, Guinga e muitos outros) e a grande tradição européia, desde palestrina até ligeti. Sou muito eclético e escuto de tudo, desde que seja bom.

-- O bom traquejo no piano depende mais da vontade, do dom,..., ou uma sensibilidade mais afinada com o ser interno?

Depende de tudo isso que você falou, além de muito trabalho e perseverança. É preciso nutrir-se de experiências para poder transformar em musica.

-- Uma boa dose de esforço sempre é necessária para tocar e se apresentar... Com a necessária percepção, memória e complexidade exigida para se tocar uma música instrumental de alto nível, o esforço psíquico a se despender neste processo é algo natural para você?


Acho que é sempre um desafio fazer música de alto nível... Mas nunca me senti exaurido ao final de um concerto, na verdade. Aliás, quando a música e o som são bons, tenho vontade de nunca parar e seguir tocando noite adentro!


-- Nos momentos de gravação, o que você utiliza ou “ainda” utiliza em termos de instrumentos? Você se utiliza de outros tipos de piano, teclado, ou usa única e exclusivamente o piano de cauda?

No recente álbum... “De arvores e valsas”, usei uma infinidade de instrumentos além do piano como : clarinete, flauta, viola, violino, bandolim, bateria, contrabaixo, percussão, rabecas, sanfona, piano rhodes, violão, cravo e voz. Uso sempre o piano de cauda, pois não atinjo os resultados com piano de armário, que é outro instrumento completamente diferente em termos mecânicos. Uso o cravo e o piano elétrico Rhodes, que trago comigo desde a adolescência.

-- De maneiras gerais, qual é um critério utilizado por você e sua equipe para obter o resultado sonoro final de uma produção e gravação de um cd? No nicho instrumental, você observa muita diferença na produção e gravação dos CDs gravados aqui no Brasil, em relação à qualidade existente no exterior?

Não. Acho que o Brasil já chegou num patamar de qualidade para competir no mercado internacional, tanto pela qualidade artística (sempre teve), quanto técnica. Eu mesmo tenho sido o produtor e engenheiro de som de meus recentes projetos e tenho recebido elogios de gente entendida. Não posso deixar de dizer que há bem pouco tempo atrás tínhamos muito problema com a qualidade sonora de nossos CDs... Alguns discos chegam a dar tristeza, tamanha a discrepância entre música (boa) e som (terrível). Meu critério é sempre a busca da qualidade máxima e meus parceiros musicais geralmente compartilham deste perfeccionismo todo, o que é bom!

-- No disco “Nonada” com o Quinteto, o que te inspirou em fazê-lo, desde as escolhas dos músicos, repertório? Quais os próximos vôos a que você pretende alçar e lançar neste ano?

Gosto muito deste álbum. Na verdade ele foi gravado no final de 2004 e só lançado recentemente. Todos participaram da escolha do repertório. Eu contribuí com algumas re-harmonizações, mas todos os músicos tiveram papel ativo na composição dos arranjos.


Temos pra 2010 planos de lançar um novo álbum com o Hamilton de Holanda, já parcialmente gravado, totalmente dedicado à música de Hermeto e Egberto. Tenho ainda vontade de lançar um piano solo de improvisações, mas também muito da minha música de câmara que nunca foi gravada, como o Quinteto Angelus.


Vídeo de uma composição própria- Lachrimae
http://www.youtube.com/watch?v=ziYPgOGNrV8&feature=related



Vídeo de Andre Mehmari Trio - Eternamente – Dindi:
http://www.youtube.com/watch?v=vktJ_kHLJqo



Nesse vídeo, ele toca uma bela composição de Edu Lobo e Chico Buarque:
http://br.youtube.com/watch?v=KM0oSeAu5V4



Aqui, em forma fantástica com Suíte Clube da Esquina:
http://br.youtube.com/watch?v=LYqlYsZyw38