domingo, 31 de maio de 2009

Marco Minnemann - Cinematográfico




Quem já viu alguma performance de Marco Minnemann ao vivo saberá do que estou falando. Há alguns anos atrás tive o privilégio de acompanhá-lo em um workshop ao vivo. Foi um modo totalmente não convencional de se conhecer um artista de tamanho gabarito. Sabem aquelas coisas que só estando lá para ver e saber o que é ? Era isso... Era uma tarde dentro de um auditório com som impecável em São Paulo... Num dia de uma apresentação de vários bateristas de renome nacional e internacional em um festival como aquele, ele surgiu em meio ao palco antes dos bateras serem apresentados. Por não conhecê-lo de antemão, pensei no mesmo momento que ele fosse apenas um roadie ou ajudante de palco ali ajudando o pessoal a organizar a coisa toda. Nunca o taxaria de músico ou baterista. Mera imagem enganadora... Bastou ele subir ao palco para o início de sua apresentação (A primeira da tarde) para chocar o público presente. O cara era um monstro, inabaladamente versátil. Depois de tantos anos, relembro isso aqui porque por ter sido algo inesquecível, por seu modo original de tocar e atuar, em suas composições, levadas e malabarismos (não gratuitos), com um amor ao instrumento e à música levados ao extremo.

Destaque para os CDs Broken Orange , Mieze e o DVD Extreme Drumming.


Vídeos dele:

site:

domingo, 24 de maio de 2009

Entrevista - Rodrigo Digão Braz - Brasilidade


Rodrigo Digão é baterista e percussionista, e já tocou com nomes como Renato Consorte, Ai Yazaki (pianista Japonesa), Michel Leme, Fernando Corrêa e Grupo Mente Clara, além do projeto "Rodrigo Digão Convida" que contou com nomes como André Marques (Hermeto Pascoal, trio Curupira) Fábio Leal, César Roversi, Franco Lorenzon (esses últimos do Mente Clara) Miche Leme e João Paulo Barbosa.

Digão tem uma forma peculiar de tocar que deixa até os ouvidos menos treinados, atentos ao acompanharem ele em suas perícias de interpretação. Suas improvisações e levadas tem um jeito leve, quase com um descompromisso, tocando com sutileza e quase ternura as peles de sua bateria.

Vamos à entrevista:

-Digão, gosto muito da liberdade intuitiva na qual você improvisa. Pode-se dizer que é uma improvisação que procura se libertar de algumas amarras rítmicas? Dá pra explicar isso de forma racional ou de forma metódico-teórica? De onde vem essa inspiração na hora de solar?

Sobre a improvisação, podemos classificar a mesma em duas etapas: "Improvisação Livre" e "Improvisação dentro do Tema". Nessa primeira espécie, a improvisação livre é aquela em que eu penso em um determinado espaço a ser preenchido e tentando ( ao máximo) chegar a uma "paisagem", "fotografia" para assim exemplificar e fazer o ouvinte entender pela Física sonora a imagem em questão. No segundo caso, a própria música ( tema a ser tocado) nos dá elementos e o que procuro fazer é enfatizar com motivos melódicos, rítmicos e até harmônicos (porque não na bateria) desses elementos. Seja como for, a subjetividade das cores, dos objetos nos traz uma riqueza enorme e transformar isso em música é o nosso desafio. Eu posso explicar música por "n" ciências, e chegaremos às mesmas conclusões de sentidos e características gerais do mundo.

-Nas músicas do grupo Mente Clara há uma profunda influência e conexão com a música de Hermeto Pascoal. De onde vem essa paixão do grupo? Quais outras influências você acha tão importante quanto, para obter o resultado do som do grupo?

A influência do Hermeto vem como identificação com a cultura brasileira em geral e para o Grupo (claro que me incluo nesse), e externar essas caracteristicas regionais é nossa maior meta! Como não poderia deixar de mencionar como influências, entre muitas, todas as vertentes do Samba, Baião, Xula, Maracatu, Boi, Capoeira, Afoxé, e música improvisada de genêros vários

-Na sua opinião, qual o principal ingrediente para um músico dominar o seu instrumento ? Muito estudo ? Precisão? Um estado relaxado da mente?

"O corpo movimenta quando a cabeça ordena". Essa máxima também acontece quando falamos de música! O total (ou parcial ) domínio do instrumento deve à equivalente compreensão dessa arte que, volto a frisar, é nada mais nada menos que explanações do cotidiano transformadas em uma nova percepção e exemplificadas em timbres, durações, intensidades e tempos.

-Um improvisador é quase um repentista... Qual a sensação de se errar nestes momentos e isso acabar soando correto e musical?

A sua pergunta é auto-suficiente já contendo a resposta: EM MÚSICA NÃO EXISTE ERRO!! A idéia de que algo resultou "errado" faz com que todo o sentido de improvisação caia por terra, premeditando assim natureza-essência dessa arte. As sensações que em determinado momento seria "X", agora passa a ser "Y", obrigando o executante entender tal diferenciação e conseguir dentro do seu universo musical trazer esse novo elemento sem desordenar ou perder a fluência dos elementos outros envolvidos ( O Tempo e suas variantes, as células ritmicas).

-Quais nomes mais te influenciam na música atual (brasileira e mundial) ?

Nomes, pessoas, conceitos que fazem diferenca no meu trabalho (e porque não, no meu cotidiano): Hermeto Pascoal, Dave Holland Group, Miles Davis ( e suas fases), Stravinsky(compositor erudito), Huberto Rohden (filósofo católico brasileiro da decada de 50), grandes cineastas, pintores, coreógrafos, meus amigos de convivência cotidiana, a crise global, etc. "O artista só tem a real percepção de seu ofício quando todas esssas questões integrarem a sua natureza".
Para conferirem vídeos dele e sua banda, é só visitarem os links:
Programa Rodrigo Digão Concepção Rítmica! No ar todas as Quartas, as 16:00 no www.tvciadamusica.com.br
Abrs!

domingo, 3 de maio de 2009

Transatlantic - Clássico


Transatlantic está de volta! Os caras irão gravar o seu mais novo cd depois de um hiato de 8 anos. A banda de rock progressivo surgiu como um projeto paralelo de membros de bandas como Dream Theater ( Mr. Mike Portnoy), Marillion (Pete Trewavas), The Flower Kings (Roine Stolt), e Spock’s Beard (Neal Morse).
A banda lançou dois álbuns sendo o primeiro no ano 2000 uma compilação de influências diversas como Beatles, Pink Floyd e Yes. Mas o disco soa extremamente natural e original, com um frescor que há muito tempo não se via na cena progressiva.
O segundo disco - Bridge Across Forever – lançou-os à novas fronteiras, com um som mais pesado , autêntico, que trazia como principal característica a participação não usual de todos os membros da banda nos vocais das músicas.
O próximo álbum promete, e a minha leve e distinta opinião é que eles foram e ainda podem continuar sendo o mais rico projeto paralelo criado na música, e ainda uma das melhores bandas de progressivo que já existiu, um elixir da música. Se houvessem aparecido ao mundo na ida dos anos 70 ou 80, certamente seriam uma das mais clássicas bandas de todos os tempos, comparada aos mais belos nomes da música já citados aqui no início.